terça-feira, 13 de novembro de 2012

Marina, de Carlos Ruiz Záfon



Olá pessoas!

            A resenha de hoje é sobre um livro que eu tinha muita vontade de ler, mas sempre deixava pra depois. Até que, poucos dias depois de tê-lo comprado, vi ótimos comentários sobre ele no blog da minha amiga Tay e logo resolvi que ele seria minha próxima leitura. E o melhor foi que não me decepcionei!
         Em Marina acompanhamos a história de Óscar, um menino de seus 15 anos que estuda num internato em Barcelona. No entanto, ele sempre dá um jeito de escapar de lá após as aulas e dar umas voltas pela cidade. Certo dia ele deixa que seus pés o guiem, aparentemente sem rumo, até uma parte da cidade povoada por casas de antigas famílias nobres, mas que se encontram abandonadas. Guiado pelo som de uma bela voz ele entra numa das casas e encontra um antigo relógio de bolso quebrado, porém o dono da casa se encontrava no local e, assustado, Óscar acaba fugindo e levando o objeto consigo. Alguns dias depois ele volta ao local com a intenção de devolver o relógio e encontra uma jovem de olhos cinzentos e misteriosos, chamada Marina. Eles se tornam amigos e é aí que as aventuras e os problemas de Óscar começam...

“Em maio de 1980, desapareci do mundo por uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro. Amigos, colegas, professores e até a polícia saíram em busca do fugitivo que alguns já acreditavam morto ou perdido por ruas mal-afamadas, mergulhado em alguma crise de amnésia.” (ZÁFON, 2011, p.*)

“Uma menina usando um vestido branco descia a encosta pedalando na minha direção. Na contraluz do amanhecer, eu podia adivinhar a silhueta de seu corpo através do algodão. Uma longa cabeleira cor de feno ondeava escondendo o rosto. (...) Meu olhar subiu por aquele vestido que parecia saído de um quadro de Sorolla e foi parar num par de olhos de um cinza tão profundo que alguém poderia cair lá dentro. Estavam cravados em mim com olhar sarcástico. (...)Aqueles dois olhos me perfuravam com tanta fúria que precisei de mais duas horas para me dar conta de que, no que me dizia respeito, aquela era a criatura mais deslumbrante que eu tinha visto na vida ou que esperava ver um dia. E ponto final.” (ZÁFON, 2011, p.*)

            Eu não quero falar muito sobre o enredo para não estragar a surpresa de quem ainda não leu o livro, e por isso também recomendo que passem longe da sinopse do Skoob, que entrega quase toda a história.
            Além de uma história interessante e divertida, cheia de aventura, mistério e romance, o livro tem outro grande atrativo, que por si só já valeria a leitura e me conquistou logo nas primeiras frases da apresentação: a escrita maravilhosa de Carlos Ruiz Záfon!
            Esse foi o trecho que me fez ter certeza – mesmo antes de começar a leitura da história propriamente dita – de que este era exatamente o tipo de livro pelo qual eu me apaixonaria:

“Marina foi o quarto romance que publiquei (...) e é provavelmente o meu favorito entre todos que escrevi. (...) meus primeiros quatro romances foram originalmente publicados como livros juvenis. Ainda que se destinassem principalmente a jovens leitores, minha esperança era de que tivessem apelo para gente de todas as idades. Ao criá-los, eu estava tentando escrever o tipo de romance que gostaria de ter lido na infância, mas que também continuaria a me interessar aos 23, 40 ou 43 anos de idade.” (ZÁFON, 2011, p.* Nota do autor)

A escrita dele é perfeita, pois é simples e ao mesmo tempo poética. Há uma perfeição de detalhes e ação em cenas incríveis e momentos de tirar o fôlego, tudo na medida certa. Záfon simplesmente nos permite entrar na história e observar tudo, desde o belo cenário que é a cidade de Barcelona até os personagens, seus olhares e expressões, nada passa despercebido. Além disso, a história é toda narrada em primeira pessoa, pelo próprio Óscar, conferindo um tom de conversa à narrativa.

“No final da década de 1970, Barcelona era uma miragem de avenidas e becos, onde, só de cruzar a soleira de uma portaria ou de um café, uma pessoa poderia viajar para trinta ou quarenta anos antes. O tempo e a memória, a história e a ficção se fundiam como aquarelas na chuva naquela cidade feiticeira. Foi ali, sob o eco de ruas que já não existem, que catedrais e edifícios fugidos de alguma fábula tramaram o cenário desta história.” (ZÁFON, 2011, p.*)

            Marina é uma leitura gostosa e fluida, que pode ser feita numa tarde se você quiser devorá-la de uma vez ou degustada em pequenas doses se você quiser que ela dure mais. Eu quis devorar o livro, mas fui obrigada a degustá-lo porque tinha pouco tempo nos dias em que o li. Ainda assim, acredito que as duas opções são válidas. Toda a história é bem amarrada, não restam pontas soltas e ao final ficam as saudades de Óscar e Marina. Esse com toda certeza se tornou um dos meus livros favoritos e, assim que possível, vou relê-lo.

“Marina me disse um dia que a gente só se lembra do que nunca aconteceu. Ainda ia se passar uma eternidade antes que eu pudesse compreender essas palavras.” (ZÁFON, 2011, p.*)

            Leitura mais que recomendada!

Boas leituras e até a próxima!
^-^

Observação:

* Infelizmente não pude colocar os números das páginas das citações porque quando fiz esta resenha meu livro (impresso) estava emprestado, então peguei as citações de uma versão e-book genérica, heheh.

3 comentários:

  1. Ahhhhhhh, que resenha linda! *-*
    Muito mistério envolvendo essa história, já estou super curiosa e já tenho até algumas suspeitas. Zafón já estava para ser lido há algum tempo (A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo) Mízia e Ana Elizabete são super fãs do autor e disseram que eu iria me apaixonar.

    Agora que tu também bateu o martelo decidi que eu preciso conhecer a escrita desse homem pra ontem! kkkkkkkkkkkkkkkkk' Vou comprá-lo esse mês, veio na Avon.

    Valeu a dica a Ana!
    Beijinhos :*

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Marina é lindo, lindo, lindo. Olhe, quando eu ganhei em janeiro esse livro (Aliny me deu quando eu estava em Natal, mas eu que escolhi) parecia uma escolha cega. Escolhi porque tinha ouvido falar dele, bem e mal, mas nem gravei a história e mal li a orelha na hora de comprar. Na verdade, acho que foi o livro que me escolheu.
    E como eu falei lá no blog, não me arrependi. Marina é um livro lindo, pra se ler mil vezes. A escrita de Zafón é mesmo muito poética e eu quero comprar mais livros dele, com certeza. :)

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