domingo, 18 de novembro de 2012

Delírio, de Lauren Oliver



Olá pessoas!

            A resenha de hoje é sobre o primeiro livro de uma trilogia* distópica que estava louca pra ler já faz um tempo e agora que acabei não sei como vou sobreviver até o lançamento do volume 2.
            Em Delírio Lauren Oliver criou um futuro onde os cientistas descobriram a cura para o amor. É isso mesmo, você não leu errado! Em algum momento no futuro da humanidade descobriu-se que o amor é uma doença grave e mortal, aqui denominada: amor deliria nervosa.

“(...) nos tempos sombrios, as pessoas não percebiam quão mortal era a doença do amor. Durante muito tempo ela era inclusive encarada como um sentimento bom, a ser celebrado e buscado. Claro que essa é uma das razões que o tornam tão perigoso: afeta nossa mente, impedindo-nos de pensar com clareza ou tomar decisões racionais sobre nosso próprio bem-estar (...). Naquela época, as pessoas identificaram outras doenças, como estresse, problemas cardíacos, ansiedade, depressão, insônia, transtorno bipolar, sem perceber que eram, na verdade, apenas sintomas que, na maioria dos casos, resultavam do amor deliria nervosa.” (OLIVER, 2012, p. 8)

            A cura para o amor é feita através de uma cirurgia pela qual todos os jovens devem passar a partir dos 18 anos, antes disso é muito perigoso e pode causar diversos danos à sanidade mental das pessoas. Claro que muitos resistem e se recusam a fazer a intervenção, outros já estão tão infectados pela doença que não conseguem se curar mesmo após a cirurgia. Este último foi o caso da mãe de Lena (nossa protagonista) e por isso a garota está ansiosa pelo dia em que será curada.

“Depois da intervenção, ficarei feliz e segura para sempre. É o que todos dizem: os cientistas, minha irmã e tia Carol. Passarei por esse procedimento e em seguida serei pareada a um menino que os avaliadores escolherão para mim.” (OLIVER, 2012, p. 8)

            Tudo vai bem até que Lena conhece Alex, um rapaz que já foi curado e, portanto, é inofensivo...
            Já li várias resenhas sobre esse livro e a maioria trata mais da questão do romance e deixa a parte distópica em segundo plano. Por isso, aqui darei mais atenção ao contexto distópico, afinal a parte romântica já ficou fácil de adivinhar, né?
            Então... logo no início do livro eu achava que a cura era só para o amor romântico, mas a grande sacada da autora foi criar uma cura para o amor em todas as suas formas. Ao longo dos primeiros capítulos já fica claro que os adultos, que foram totalmente curados do amor deliria nervosa, perderam completamente a capacidade de amar qualquer pessoa. Por isso são os avaliadores que decidem com quem você vai casar, quantos filhos vai ter e qual será sua profissão. Após a intervenção tanto os laços de amizade como os familiares desaparecem ou são apenas uma sombra do que foram antes, e até os gostos e hobbies das pessoas mudam. Os pais são incapazes de amar seus próprios filhos. O amor entre pessoas do mesmo sexo é visto como uma disfunção biológica que leva a uma atitude antinatural (o que aconteceu com toda a luta LGBT pela aceitação da diversidade?!). As pessoas perdem a capacidade de sonhar (nos dois sentidos). E há vários livros, escritos por cientistas e estudiosos que orientam as pessoas sobre como se prevenir contra o amor e seus sintomas, e até alguns que parecem reescrever a história da humanidade como a conhecemos hoje – cada capítulo de Delírio começa com uma ‘citação’ de um desses livros.

“O diabo invadiu o Jardim do Éden. Carregava consigo a doença – amor deliria nervosa – sob a forma de uma semente. Ela cresceu e floresceu em macieira magnífica, que trazia maçãs de cor tão viva quanto sangue. – Gênesis: uma história completa do mundo e do universo conhecido, Steven Horace, PhD.,Universidade de Havard.” (OLIVER, 2012, p. 25) (Oi??? Acho que as pessoas desse futuro emburreceram!)

E o pior é que as pessoas são ensinadas desde crianças a temer o amor, até que tenham idade suficiente para fazer a intervenção e se transformem numa espécie de zumbis que acatam tudo e não sentem nada. A cada página lida eu ficava cada vez com mais medo do universo criado pela Lauren – isso porque me senti tão envolvida pelo enredo que era como se eu fizesse parte da história.
Sobre a história em si, amei o modo como a autora a desenvolveu! Apesar de ingênua e medrosa no início, Lena cresce ao longo do livro, começa a ter pensamentos e atitudes proibidas pela sociedade, a pensar por conta própria e questionar a veracidade de tudo que lhe ensinaram. Mas tudo isso acontece de forma gradual e no momento certo, tanto que não me irritei com todo o medo dela no começo, afinal a garota além de ficar traumatizada com o que aconteceu a sua mãe ainda sofreu lavagem cerebral desde os 6 anos.
O romance é a parte mais fofa do livro e ajuda bastante Lena a abrir os olhos para a loucura que era o seu mundo e as regras que ela considerava certas. São os momentos românticos do livro que me fizeram relaxar do clima de vigilância e repressão constantes que se mantém na maior parte da história.
O final me deixou despedaçada! Lauren, como assim?! Você quer me matar??? Como vou sobreviver até o lançamento de Pandemônio em português??? Estou pensando seriamente em comprar a versão em inglês, me agarrar com meu dicionário e rezar pra’quele curso básico que fiz servir pra alguma coisa!
Pra finalizar deixo o último trecho do livro que, apesar de ter me deixado numa maldita DPL, foi perfeito! Se esse livro virar filme (como parece que virou moda e sinônimo de dinheiro fácil para os produtores ultimamente) essas frases precisam ser ditas na cena final. E não se preocupem, pois a citação não tem spoiler, nada além do que eu já comentei aqui.

“E há muitos de nós por aí, mais do que você imagina. Pessoas que se recusam a deixar de acreditar. Pessoas que se recusam a pôr os pés no chão. Pessoas que amam em um mundo sem muros, pessoas que amam em meio ao ódio, em meio à recusa, com esperança e sem medo. Eu amo você. Lembre-se. Eles não podem tirar isso de nós.” (OLIVER, 2012, p. 342-342)

            Leitura recomendadíssima, principalmente para quem adora romance e distopia, mas vale lembrar que o volume 2 – Pandemônio – não tem previsão de publicação em português.

Boas leituras e até a próxima!
^-^

Observação:

* Até onde eu descobri a trilogia será composta por: 1. Delírio, 2. Pandemônio, 3. Réquiem. Também vi em comentários no Skoob que Pandemônio provavelmente será publicado em português entre o final deste ano e o começo de 2013. No site da Ed. Intrínseca, que comprou os direitos da série no Brasil, não há informações sobre os livros 2 e 3.

2 comentários:

  1. Eu gostei da ideia do livro e tal, mas nao gostei do rumo que a historia levou... Achei mega floreada e cheia de detalhes totalmente dispensáveis... Eu achei que foi um bom livro, mas nada além disso... Esperava coisa melhor :/
    Mas curti sua resenha :)

    Bjokas
    Flavia - Livros e Chocolate

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  2. Comprei esse livro essa semana porque achei a premissa do livro diferente e bacana e também porque leio apenas resenhas positivas sobre ela como a sua. Vejo que fiz uma coisa boa ao esperar pra comprar agora e demorar um pouco pra ler ja que ele termina de um jeito desesperador. kkkkkkkkkk

    Bjs, @dnisin
    http://diamanteliterario.blogspot.com.br/

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