Olá, pessoas!
Em
A Corrida do Escorpião conhecemos
dois personagens principais que aparentemente não têm nada em comum até quem em
determinado momento, de forma inesperada, seus caminhos se cruzam. E é a partir
de seus pontos de vista alternados que essa história é contada. Sean é um jovem
de seus 19 anos que precisou crescer cedo demais e desde os 10 trabalha domando
cavalos d’água no Haras Malvern, cujo dono – Benjamin Malvern – é o homem mais
rico da ilha de Thisby.
“Nesta época do ano vivo e respiro a
praia. Minhas bochechas parecem ásperas com o vento lançando areia contra elas.
Minhas coxas ardem por causa do atrito com a sela. Meus braços doem por
controlar um cavalo que pesa uma tonelada. Já esqueci como é me sentir aquecido
e o que é uma noite inteira de sono, e como é o som do meu nome simplesmente
falado, e não gritado ao longo de quilômetros de areia. Eu me sinto tão, tão
vivo.” (STIEFVATER, 2012, p. 9)
“Aproximo-me de Corr e ele abaixa a
cabeça, pressionando-a contra meu peito. Ele está quente, e o calor atravessa
minha camisa ensopada. Desenho uma letra no pelo atrás de sua orelha para
acalmá-lo, e corro os dedos por sua crina para me acalmar.” (STIEFVATER, 2012,
p. 60)
Enquanto Kate (ou Puck) é uma garota jovem e
corajosa (órfã como muitos outros na ilha) que tenta manter o que restou da
família unida após a morte dos pais.
“Todo mundo diz que meus irmãos estariam
perdidos sem mim, mas na verdade sou eu quem estaria perdida sem eles.” (STIEFVATER,
2012, p. 13)
“Pego um pente e uma escova e tiro a
poeira da crina e dorso de Dove até meus dedos se cansarem. Quando finalmente a
selo, ela está limpa, e eu, imunda. Ela é minha égua e minha melhor amiga, e
sempre acho que algo de ruim vai lhe acontecer, porque a amo demais. Enquanto
ajusto as correias, Dove vira o focinho para meu lado, quase numa espécie de
carícia, e desvia mais uma vez a cabeça num movimento rápido; ela me ama
também.” (STIEFVATER, 2012, p. 14)
O que leva esses dois a se encontrarem é uma antiga
tradição e incrível peculiaridade da ilha: todos os anos, durante o mês de
novembro, Thisby é invadida pelos capaill
uisce* (ou cavalos d’água), criaturas que apesar da aparência equina são,
na verdade, seres marinhos de hábitos carnívoros. Eles são temidos e admirados
pelos moradores da ilha, que todos os anos promovem a Corrida do Escorpião,
onde os mais corajosos montam esses animais numa perigosa corrida na praia.
“Eles cavalgam na praia, por uma trilha
pálida que fica entre as águas escuras e os penhascos brancos. Nunca é seguro aqui, mas nunca é tão perigoso
como hoje, dia de corrida.” (STIEFVATER, 2012, p. 9)
O primeiro elemento que me chamou a
atenção foi a mitologia usada no livro, pois eu nunca tinha ouvido falar ou
lido nada sobre cavalos d’água. Achei que tanto o ‘mundo’ criado pela autora,
como o modo como ela desenvolveu a lenda desses animais para o livro foram
bastante criativos.
“ – Onde está o outro cavalo? – pergunta
ela. A égua tenta morder seu cabelo, e Kate lhe dá um tapa, inconscientemente.
O pônei joga a cabeça para trás, fingido desagrado. É um jogo de familiaridade,
o que me deixa mais interessado nelas.
- Um pouco mais afastado da praia.
Kate nos olha.
- Ele sempre faz isso?
Corr não parou de se mover. Seu pescoço
também está arqueado. Tenho certeza de que ele parece ridículo enquanto se
enfeita para elas. Garanhões uisce geralmente preferem cavalos da ilha como
refeição, não como companheiros, mas às vezes uma égua em especial chama a
atenção de um garanhão e ele banca o idiota.” (STIEFVATER, 2012, p. 149)
Apesar do título, o foco do livro
não é bem a corrida em si. Claro que ficamos curiosos sobre ela e seu
resultado, mas o que percebi nessa aventura é que ela trata do amor e amizade.
Não apenas em seus sentidos mais explícitos, mas principalmente o livro fala
dos laços afetivos que unem as pessoas aos animais, às suas origens e entre
elas mesmas. Essa é uma atitude constante dos personagens principais, apesar de
tudo: das dificuldades de relacionamento com os irmãos e da sobrevivência na
ilha, até mesmo da natureza selvagem dos capaill
uisce, Puck e Sean amam Thisby e não desistem daquilo que desejam.
“ – Seu irmão vai para o continente. –
diz Sean.
(...)
- Logo depois das corridas. (...)
- E você não vai com ele.
Estou prestes a responder “Ele não me
convidou”, mas percebo, antes de fazer isso, que esse não é o motivo. Não o
seguirei porque aqui é o meu lugar, aqui e em nenhuma outra parte.
(...)
- Porque partir é o padrão? Alguém
pergunta por que você fica, Sean
Kendrick?
- Perguntam.
- E por que você fica?
- O céu e a areia, o mar e Corr.
(...) estou surpresa por ele ter incluído
o garanhão na lista. Eu me pergunto se, quando falo de Dove, as pessoas
conseguem ouvir como eu a amo assim como percebo o carinho por Corr na voz de
Sean. É difícil para mim imaginar como é amar um monstro, não importa quão
lindo ele seja. Lembro-me do que o velho disse no açougue, sobre Sean Kendrick
ter um pé na terra e outro no mar. Talvez seja preciso ter um pé no mar para
enxergar além da sede de sangue de seu cavalo.” (STIEFVATER, 2012, p. 203-204)
A narrativa é fluida e envolvente. A
experiência foi como a de viajar para uma terra distante e diferente de tudo o que
já conheci. Os personagens são cativantes e em poucos capítulos eles se tornaram
grandes amigos e eu contava as horas para poder encontrá-los novamente. (hehe)
Mesmo depois de escrever tanto, acho que não
posso listar tudo que gostei no livro, mas posso afirmar que depois que
terminei a leitura entrei em DPL. Eu simplesmente não pude acreditar que tudo
havia acabado e, mesmo com aquele final meio “no ar”, não haverá continuação.
A Corrida
do Escorpião
foi um dos melhores livros que li esse ano (juntamente com minhas amadas
distopias *-*), superou totalmente minhas expectativas e entrou pra minha lista
de favoritos e de próximas releituras. Leitura mais que recomendada!
Boas
leituras e até a próxima!
^-^
P.S.: E pra quem já estava sentindo
falta, os trechos do livro estão de volta, pra vocês sentirem um gostinho do
que os aguarda na leitura.
*Não me pergunte como se pronuncia isso,
porque até a metade do livro eu estava lendo “capali uísque”, quando percebi
que o “i” vinha antes do “l” e era um “c” e não “qu” antes do “e”.
Nossa, já estava louca para ler esse livro, rs, imagina agora.. Um dos melhores? *-* #preciso.
ResponderExcluirTem meme p vc lá, beijo!
Eu to louca pra ler esse livro! Todo mundo anda falando tão bem e agora com sua resenha, quase morri... Amoo livros que qdo acabam deixam a gente uma era pensando na historia rsrsrs
ResponderExcluirBjokas e parabens pela resenha!
Flavia - Livros e Chocolate
Eu amo essa autora, acho o estilo de narrativa dela perfeito. É poético e rimado sem ser chato. Tenho esse livro, mas ainda não li. Fico enrolando e ele vai sendo deixado de lado. Vou ver se leio logo porque sua resenha e os trechos dele me deixaram mais ansiosa ainda.
ResponderExcluirBjs, @dnisin
www.seja-cult.com