Olá, pessoas!
Definitivamente 2012 foi, pelo menos
para mim, o ano das distopias! Depois de ficar super empolgada com as leituras
de Delírio e da Trilogia Jogos Vorazes, foi a vez de Fahrenheit 451 me
arrebatar.
Essa história se passa numa época no
futuro onde a sociedade rejeitou totalmente os livros, até que eles se tornaram
obsoletos e as pessoas cada vez mais vazias. Os livros quase já não existem e
quando encontrados são queimados pelos bombeiros, e seus donos tratados como
loucos ou criminosos.
“A escolaridade é abreviada, a disciplina
relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e
ortografia pouco a pouco negligenciadas, e, por fim, quase totalmente
ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está por toda
parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões,
acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?” (BRADBURY, 2009, p. 85)
É nesse mundo triste e caótico que conhecemos
Montag, um bombeiro que leva sua vida normalmente até conhecer uma garota
estranha chamada Clarisse. E é a partir das conversas com ela que Montague
começa a se questionar e duvidar das certezas que tivera durante toda a vida.
“ – Bem – disse ela –, tenho dezessete
anos e sou doida. Meu tio diz que essas duas coisas andam sempre juntas. Ele
disse: quando as pessoas perguntarem sua idade, sempre diga que tem dezessete
anos e é maluca. Não é uma ótima hora da noite para caminhar? Gosto de sentir o
cheiro das coisas e olhar para elas e, às vezes, fico andando a noite toda e
vejo o sol nascer.” (BRADBURY, 2009, p. 20)
“ – Boa noite! – E foi para casa, mas
pareceu lembrar-se de algo e voltou-se, olhando para ele com admiração e
curiosidade. – Você é feliz? – perguntou.
- Eu sou o quê? – gritou ele.
Mas ela se fora – correndo sob o luar. A
porta da casa fechou-se suavemente.
-
Feliz! Mas que absurdo!
(...) Claro que sou feliz. O que ela
pensa? Que não sou?, perguntou ele para os cômodos silenciosos.” (BRADBURY,
2009, p. 23-24)
Eu já tinha assistido ao filme
homônimo (baseado no livro), numa disciplina da faculdade sobre a História do
Livro, e amei! Então quando encontrei o livro numa edição de bolso na livraria,
não pensei duas vezes e comprei. Mas não o li imediatamente, apesar da
empolgação, pois estava esperando o momento certo. Até que, passado já algum
tempo que não lia nenhuma distopia, pensei: “é agora!”, e não me arrependi.
No começo tive um certo receio
quanto a linguagem utilizada e às referências que pudessem ser feitas ao longo
do livro, afinal ele foi publicado originalmente em 1953. Porém, tive uma ótima
surpresa ao me deparar com a narrativa, ao mesmo tempo, fluida e poética de Ray
Bradbury. Além disso, tanto o enredo como a premissa do livro são bastante atuais.
Fahrenheit 451 é um clássico no melhor sentido da palavra, pois é atemporal.
O que mais me chamou a atenção na
história não foi apenas a possibilidade de um mundo sem livros ou a queima
deles em si, mas sim todas as consequências da falta deles. Longe da leitura as
pessoas perderam não só a capacidade de memorizar ou a vontade de pensar e
aprender, mas também, e principalmente, a capacidade de se relacionar e ter
bons sentimentos pelos outros. Cada vez mais ocas, as pessoas tentaram
preencher este vazio com ódio e instinto destrutivo. As principais fontes de
divertimento eram grandes televisões que transmitiam conteúdo sem sentido e as
onipresentes radioconchas (bem parecidas com nossos atuais fones de ouvido
sempre conectados a um MP4 ou celular) transmitindo ininterruptamente seus sons
desconexos. A sociedade simplesmente “emburreceu”, retornando a seus instintos
mais primitivos. E o mais perturbador disso tudo é que, se pararmos para pensar
bem, nossa sociedade atual (onde a opinião pública é facilmente manipulada pela
mídia) não está muito longe do que é retratado no livro. Não é que eu esteja
sendo pessimista, mas pare e observe as pessoas ao seu redor, principalmente
aquelas que não gostam ou não costumam ler, ou mesmo as que tiveram pouco ou
nenhum acesso à educação. Será que não é possível traçar alguns paralelos entre
elas e os personagens descritos na obra de Bradbury? Não falo exatamente dos
casos mais extremos, ainda que não estejamos muito longe deles. Leia e pense
nisso!
“Aí está, Montag. A coisa não veio do
governo. Não houve nenhum decreto, nenhuma censura como ponto de partida. Não!
A tecnologia, a exploração das massas e a pressão das minorias realizaram a
façanha, graças a Deus. Hoje, graças a elas, você pode ficar o tempo todo feliz.”
(BRADBURY, 2009, p. 88)
Fahrenheit 451 é um ótimo livro e se
tornou um dos meus favoritos. É leitura obrigatória para quem gosta de
distopias. Recomendo o livro e o filme pra todos que estejam procurando um
livro envolvente, gostoso de ler e que ainda te faz parar para pensar.
Boas
leituras e até a próxima!
^-^
Ja ouvi falar desse livro e fiquei bem curiosa!
ResponderExcluirPensa viver num mundo onde ler é proibido? OMG
Morri
Bjokas
Flavia - Livros e Chocolate
Fica a dica da música do Otto que o livro e outras coisitas inspiraram
ResponderExcluirOi Daniel,
Excluirnão conheço muito o trabalho do Otto, qual a música?
Obrigada pelo comentário e por seguir o blog!
Seja bem-vindo.
^-^