domingo, 27 de janeiro de 2013

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.



Olá, pessoas!



            Definitivamente 2012 foi, pelo menos para mim, o ano das distopias! Depois de ficar super empolgada com as leituras de Delírio e da Trilogia Jogos Vorazes, foi a vez de Fahrenheit 451 me arrebatar.

            Essa história se passa numa época no futuro onde a sociedade rejeitou totalmente os livros, até que eles se tornaram obsoletos e as pessoas cada vez mais vazias. Os livros quase já não existem e quando encontrados são queimados pelos bombeiros, e seus donos tratados como loucos ou criminosos. 

“A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas, e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está por toda parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?” (BRADBURY, 2009, p. 85)

É nesse mundo triste e caótico que conhecemos Montag, um bombeiro que leva sua vida normalmente até conhecer uma garota estranha chamada Clarisse. E é a partir das conversas com ela que Montague começa a se questionar e duvidar das certezas que tivera durante toda a vida.

“ – Bem – disse ela –, tenho dezessete anos e sou doida. Meu tio diz que essas duas coisas andam sempre juntas. Ele disse: quando as pessoas perguntarem sua idade, sempre diga que tem dezessete anos e é maluca. Não é uma ótima hora da noite para caminhar? Gosto de sentir o cheiro das coisas e olhar para elas e, às vezes, fico andando a noite toda e vejo o sol nascer.” (BRADBURY, 2009, p. 20)

 

“ – Boa noite! – E foi para casa, mas pareceu lembrar-se de algo e voltou-se, olhando para ele com admiração e curiosidade. – Você é feliz? – perguntou.
- Eu sou o quê? – gritou ele.
Mas ela se fora – correndo sob o luar. A porta da casa fechou-se suavemente.
- Feliz! Mas que absurdo!
(...) Claro que sou feliz. O que ela pensa? Que não sou?, perguntou ele para os cômodos silenciosos.” (BRADBURY, 2009, p. 23-24)

         Eu já tinha assistido ao filme homônimo (baseado no livro), numa disciplina da faculdade sobre a História do Livro, e amei! Então quando encontrei o livro numa edição de bolso na livraria, não pensei duas vezes e comprei. Mas não o li imediatamente, apesar da empolgação, pois estava esperando o momento certo. Até que, passado já algum tempo que não lia nenhuma distopia, pensei: “é agora!”, e não me arrependi.

      No começo tive um certo receio quanto a linguagem utilizada e às referências que pudessem ser feitas ao longo do livro, afinal ele foi publicado originalmente em 1953. Porém, tive uma ótima surpresa ao me deparar com a narrativa, ao mesmo tempo, fluida e poética de Ray Bradbury. Além disso, tanto o enredo como a premissa do livro são bastante atuais. Fahrenheit 451 é um clássico no melhor sentido da palavra, pois é atemporal.

        O que mais me chamou a atenção na história não foi apenas a possibilidade de um mundo sem livros ou a queima deles em si, mas sim todas as consequências da falta deles. Longe da leitura as pessoas perderam não só a capacidade de memorizar ou a vontade de pensar e aprender, mas também, e principalmente, a capacidade de se relacionar e ter bons sentimentos pelos outros. Cada vez mais ocas, as pessoas tentaram preencher este vazio com ódio e instinto destrutivo. As principais fontes de divertimento eram grandes televisões que transmitiam conteúdo sem sentido e as onipresentes radioconchas (bem parecidas com nossos atuais fones de ouvido sempre conectados a um MP4 ou celular) transmitindo ininterruptamente seus sons desconexos. A sociedade simplesmente “emburreceu”, retornando a seus instintos mais primitivos. E o mais perturbador disso tudo é que, se pararmos para pensar bem, nossa sociedade atual (onde a opinião pública é facilmente manipulada pela mídia) não está muito longe do que é retratado no livro. Não é que eu esteja sendo pessimista, mas pare e observe as pessoas ao seu redor, principalmente aquelas que não gostam ou não costumam ler, ou mesmo as que tiveram pouco ou nenhum acesso à educação. Será que não é possível traçar alguns paralelos entre elas e os personagens descritos na obra de Bradbury? Não falo exatamente dos casos mais extremos, ainda que não estejamos muito longe deles. Leia e pense nisso!

“Aí está, Montag. A coisa não veio do governo. Não houve nenhum decreto, nenhuma censura como ponto de partida. Não! A tecnologia, a exploração das massas e a pressão das minorias realizaram a façanha, graças a Deus. Hoje, graças a elas, você pode ficar o tempo todo feliz.” (BRADBURY, 2009, p. 88)

        Fahrenheit 451 é um ótimo livro e se tornou um dos meus favoritos. É leitura obrigatória para quem gosta de distopias. Recomendo o livro e o filme pra todos que estejam procurando um livro envolvente, gostoso de ler e que ainda te faz parar para pensar.



Boas leituras e até a próxima!

^-^
 

3 comentários:

  1. Ja ouvi falar desse livro e fiquei bem curiosa!
    Pensa viver num mundo onde ler é proibido? OMG
    Morri

    Bjokas
    Flavia - Livros e Chocolate

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  2. Fica a dica da música do Otto que o livro e outras coisitas inspiraram

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    Respostas
    1. Oi Daniel,

      não conheço muito o trabalho do Otto, qual a música?

      Obrigada pelo comentário e por seguir o blog!
      Seja bem-vindo.

      ^-^

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