Olá,
pessoas!
O livro que vou resenhar hoje é de
um ilustre autor pernambucano, natural de Vitória de Santo Antão, que muita
gente já deve ter lido ou pelo menos “ouviu falar” quando prestou vestibular
(pelo menos aqui em PE). E assim foi meu primeiro contato com os contos de
Osman Lins, através do livro Melhores
contos de Osman Lins, uma seleção feita pela Profª. Sandra Nitrini (USP), e
que simplesmente amei! Infelizmente os textos dele não são esses romances
divertidos e fáceis de ler, eles requerem um pouco mais de atenção e propõem reflexões
para as quais eu nem sempre tinha tempo, principalmente depois que comecei a
faculdade. Por isso, acabei deixando os livros dele de lado por um bom tempo. Então
eis que um dia, conversando sobre livros com um conhecido, ele me indicou a
leitura de Avalovara, romance de
autoria de Osman Lins e considerado sua maior obra. “Ah! Eu já li alguns contos
dele e gostei bastante. Vou procurar esse.” – comentei. Acabei me deparando com
“Os gestos” numa biblioteca da universidade, do qual eu havia lido o conto que
dá título ao livro e resolvi retomar minhas leituras de Osman (olha a
intimidade, hehe) por este.
Bom, divagações à parte (rsrsrs), antes de começar meus comentários sobre o livro eu gostaria de deixar claro que não sou nenhuma especialista em literatura e, portanto, este resenha não contém nenhuma grande crítica, apenas refletem o que senti durante a leitura.
Bom, divagações à parte (rsrsrs), antes de começar meus comentários sobre o livro eu gostaria de deixar claro que não sou nenhuma especialista em literatura e, portanto, este resenha não contém nenhuma grande crítica, apenas refletem o que senti durante a leitura.
Os gestos é um livro de contos
escrito durante a juventude do autor e trás como principal mensagem a
dificuldade de expressar sentimentos em palavras. Alguns pensamentos são tão
difíceis de expor, tão íntimos que são impossíveis de ser traduzidos em
palavras, restam apenas os gestos.
Impedidos – por vários e diferentes motivos – de falar aquilo que desejam
através das palavras, os personagens desses contos enfrentam a angústia e
desespero de não poderem se fazer compreendidos. É um livro triste e profundo,
mas a poética presente na narrativa de Osman Lins faz com que o leitor saboreie
cada palavra e deseje cada vez mais.
A Profª. Sandra Nitrini define o estilo o estilo
do autor como de “linhagem machadiana” ao invés de seguir a narrativa
regionalista da década de 30, no prefácio do livro que citei lá no início da
resenha.
Os contos são curtos, alguns não passam de três
páginas, mas consegui facilmente me conectar a cada personagem. Alguns eu
entendia e até conseguia imaginá-los como pessoas de carne e osso, outros me
pareceram exageradamente depressivos. Mas isso é bastante compreensível,
segundo Julieta de Godoy Ladeira explica no prefácio do livro:
“Como acontece com a própria juventude,
os contos aqui apresentados nos passam um clima de revolta não-explicada, o
sentimento de personagens que desejam o mundo, mas ainda não conseguiram sair
do quarto. O difícil instante da adolescência.” (LADEIRA, 1994, p. 5)**
Isso não significa que todos os personagens dos
contos sejam adolescentes, porém tanto eles como suas narrativas são influenciados
pelos próprios sentimentos do autor na juventude.
Os meus contos preferidos são:
- Os
gestos, onde o velho André, destituído da voz, sofre diante da incapacidade
de ser compreendido pelas pessoas que mais ama.
“Do leito, o velho André via o céu
nublar-se, através da janela, enquanto as folhas da mangueira brilhavam com
surda refulgência, como se absorvessem a escassa luz da manhã. Havia um segredo
naquela paisagem. Durante minutos, ficou a olhá-la e sentiu que a sua grave
serenidade o envolvia, trazendo-lhe um bem-estar como não sentia há muito. ‘E
eu não o posso exprimir’, lamentou. ‘Não o posso dizer.’ Se agitasse a
campainha, viria a esposa ou uma das filhas, mas seu gesto em direção à janela
não seria entendido.” (LINS, 1994, p. 11)***
- Reencontro,
onde dois amigos relembram as aventuras de infância, porém cada um as
interpreta a seu modo.
“ – Éramos bons amigos. – condescendeu. –
Grandes amigos.
Sua voz cantante, um pouco áspera e mesmo
assim agradável, tornou-se pausada; o riso é menos vibrante; e os olhos, embora
conservando o brilho antigo, já não possuem a mesma vida: de alegres que eram,
têm agora um quê de melancólica serenidade.” (LINS, 1994, p. 19-20)
- Tempo,
que mostra a dificuldade de comunicação entre duas gerações.
- O
perseguido ou Conto enigmático,
onde um jovem se vê perseguido durante uma viagem de trem. O conto é envolto
por uma atmosfera de mistério e o real motivo para todo desespero do personagem
só nos é revelado no final.
“Esses rumores não estão sozinhos. Há um
ruído estranho, que não é das rodas nem do vento. É algo diferente, imprevisto:
alguém me persegue; há alguém correndo ao lado do trem.” (LINS, 1994, p. 46)
- O
vitral, que acredito ser o conto mais curto de todo o livro, porém não
menos belo que os outros, pelo contrário, o achei um dos mais otimistas.
* NITRINI, Sandra. Um singular contador de estórias. In.: LINS, Osman. Melhores contos
de Osman Lins. São Paulo: Global, 2003. p. 9-26.
**LADEIRA,
Julieta de Godoy. Contos do artista quando
jovem. In.: LINS, Osman. Os gestos. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1994. p.
4-6.
***
LINS, Osman. Os gestos. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1994. 96p.
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ResponderExcluiresse autor ainda preciso ler, estou na fase Cardoziana
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