domingo, 14 de abril de 2013

O menino do pijama listrado, de John Boyne.


Olá, pessoas!


A resenha de hoje é sobre um livro que quero ler já há alguns anos, desde que dei um exemplar de presente a uma amiga e ela me falou muito bem da história. Mas ainda não havia surgido a oportunidade de lê-lo, até que dia desses, passando pela estante de literatura da biblioteca onde trabalho, eu avistei sua linda capa listrada com textura de tecido e não resisti, precisei pegá-lo emprestado e passar na frente da minha interminável fila de não-lidos.
O livro é narrado em 3ª pessoa do ponto de vista de Bruno, um garoto de 9 anos bastante esperto e gentil, apesar de que logo no começo o achei um pouco egoísta e mimado.    
Conhecemos Bruno quando ele acaba de descobrir que precisará se mudar de sua adorada casa em Berlim e abandonar seus queridos amigos, por causa do trabalho de seu pai. Então ele e sua família se mudam para sua nova casa, um lugar chamado Haja-Vista. No início ele odeia a mudança e usa todos os argumentos que consegue imaginar para fazer seus pais mudarem de ideia. Mas o tempo passa e como ninguém parece dar atenção a seus protestos, o garoto resolve se aventurar pelo novo “território”, fazer novos amigos e, quem sabe, até descobrir quem são as pessoas de pijama listrado.

‘Todos nós vamos embora. Seu pai e eu, Gretel e você. Todos os quatro.’
Bruno pensou a respeito e franziu o cenho. Não o incomodava em especial se Gretel fosse mandada embora, porque ela era um Caso Perdido e sempre o metia em encrencas. Mas parecia um pouco injusto que todos tivessem que acompanhá-la.
(...)
‘É o trabalho do seu pai’, explicou a mãe. ‘Sabe como isso é importante, não sabe?’
‘Sim, claro.’, disse Bruno, acenando com a cabeça, pois sempre havia na casa muitos visitantes (...) e eram todos sempre muito educados com o pai e diziam que ele era um homem para ser observado e que o Fúria tinha grandes planos para ele.
‘Bem, às vezes, quando uma pessoa é muito importante’, prosseguiu a mãe, ‘o homem que o emprega lhe pede que vá a outro lugar, porque lá há um trabalho muito especial que precisa ser feito.’ (BOYNE, 2007, p.11)

Antes de ler esse livro eu decidi não ler nenhuma sinopse, ignorando até mesmo o texto da orelha (que não revela quase nada). Isso foi ótimo porque ele é tão curto que uma sinopse mais completa estragaria toda a surpresa.
A escrita de John Boyne é fluida e envolvente, me apaixonei logo nas primeiras páginas. Com um ar inocente, contada através dos olhos de um menino de 9 anos, a história vai nos envolvendo e quando mal percebemos já estamos nos últimos capítulos.

Ele caminhou lentamente na direção da janela, na esperança de que fosse possível ver todo o caminho de volta até Berlim, e a sua casa e as ruas ao redor e as mesas onde as pessoas se sentavam e bebiam os refrescos espumantes e contavam histórias hilariantes umas às outras. Andou devagar porque não queria se decepcionar. Mas era apenas o quarto de um menino pequeno e não havia muito espaço para caminhar até chegar à janela. Bruno pôs o rosto junto ao vidro e olhou o que estava do lado de fora, e desta vez, quando seus olhos se arregalaram e a boca fez o formato de um O, as mãos ficaram bem juntas ao corpo, porque havia algo que o fez se sentir muito inseguro e com frio. (BOYNE, 2007, p. 25)

            O que mais me chamou a atenção em O menino do pijama listrado é que ele começa leve e inocente, como uma narrativa infantil, até que chega ao final e você se vê diante de uma realidade bastante cruel.

ALERTA DE SPOILER! Se você ainda não leu o livro eu recomendo que pule este parágrafo. Se desejar ler selecione o epaço abaixo para visualizár o texto.

Por ser apenas um garotinho de 9 anos Bruno tem dificuldade em pronunciar alguns nomes difíceis e, por isso, logo de cara não entendi porque o nome do chefe do pai dele era Fúria ou o porquê da nova casa ter um nome tão estranho como Haja-Vista. Até que esbarramos na cerca... foi aí que a ficha caiu. Ok, vocês podem me chamar de lerda e distraída, mas eu realmente não procurei saber nada sobre o livro antes de lê-lo. Só o que eu lembrava ter lido, em alguma resenha há muito tempo, foi que a história se passava no período da 2ª Guerra. Então eu não estava realmente preparada para o que iria encontrar, mas a esta altura da narrativa eu já fora fisgada pela escrita do John Boyne e já estava curiosa pra descobrir como Bruno iria explorar e entender o significado daquela cerca.

FIM DO SPOILER!

O final do livro chegou e se foi tão rápido quanto um susto, eu só percebi o que tinha acontecido, ainda com o coração aos pulos, depois que acabou. Ainda passei alguns minutos me perguntando se isso era bom ou ruim. E quando me dei conta, havia um nó na minha garganta e fiquei feliz por ter deixado para terminar a leitura quando já estava sozinha.
Apesar do final, que me deixou numa p*#$@ de uma ressaca literária, não pude dar menos de 5 estrelas ao livro no Skoob. Leitura superrecomendada!

Boas leituras e até a próxima!
^-^


BOYNE, John. O menino do pijama listrado. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 186 p.

PS: Só depois de terminar esta resenha, me lembrei que existe também um filme baseado no livro. Então vou assistir e depois passo para deixar meus comentários aqui.
 

7 comentários:

  1. Quando eu li, acho que não fiz uma leitura tão madura das coisas do livro, mas lembro que me senti também desnorteada, mas sabendo que aquela leitura foi incrível. Preciso reler, com uma outra ótica mais madura, certamente. Lembro do livro, mas não tão vividamente. Beijos!

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    1. Pois é, Tay, foi assim mesmo que me senti: desnorteada! Mas a leitura vale muito a pena. Por falar nisso, foi pra tu que eu dei esse livro? Não lembro direito, quando fiz a resenha lembrei que tinha dado o livro a uma amiga, mas não lembro se foi tu ou Pryscylla. Só lembro que foi na época do colégio.

      Beijos e obrigada pela visita!
      ^-^

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    2. Foi tu que me deu, sim, se bem me lembro. :)

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  2. Ei, Aninha!
    Eu ja li esse livro e gostei bastante. Tb fiquei incomodada com o "Fúria", pois o maluco do Hitler era chamado de "Führer", tanto em outros livros como em filmes, e custei a assimilar uma coisa com a outra ahahahaha, principalmente pq o significado disso é algo como "lider, chefe ou afins", o que diabos Furia tem a ver?
    Mas então, eu ate li a sinopse, mas como ela nao diz nada, nem fez diferença.
    O livro é muito bom mesmo e faz a gente pensar sobre os horrores daquela época

    Bjos!

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    1. Então, Flávia, acho que esse negócio de Fúria foi alguma locura do tradutor. Eu não li o livro em inglês, então não sei como foi que o autor colocou essa dificuldade de pronúncia do Bruno no original, mas provavelmente foi algo que fez mais sentido, né?

      Beijos e obrigada pela visita!
      ^-^

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  3. Ihh... Acho que vou continuar pulando este livro da minha estante.
    Sou muito depressiva com ressacas literárias!
    Pelo que pesquei dos comentários deve ser algo relacionado a segunda guerra mundial...

    Obrigada pela indicação Ana ;*

    P.S: Você ainda tá devendo a resenha de Dezesseis Luas (nem pense que esqueci :P)

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    1. Menina, mesmo com a ressaca do final, acho que sempe vale à pena ler livros como esse. A minha foi mais em relação ao final, que foi muito brusco, o resto da narrativa pelo contrário, é bem leve apesar do tema.

      Sobre a resenha de Dezesseis luas, infelismente não vai sair tão cedo porque vou esperar pra relê-lo quando comprar os outros da série que ainda faltam (Dezessete, Dezoite e Dezenove Luas), que já estão na minha meta de 2013. Mas não se preocupe que daqui pro final do ano essa resenha sai. hehe

      Beijos e obrigada pela visita!

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